Por ser a capital do país, é na cidade de Lisboa que estão inevitavelmente muitos dos ícones que melhor contam a história (longa) de Portugal, um dos países mais antigos da Europa. E se nessa história detetamos, pelo menos em tempos idos, vanguarda e arrojo, é porque no sangue português corre, inequivocamente, esse tal «esplendor de Portugal» de que alguns dos lugares icónicos da cidade continuam, hoje, afinal, a ser fortes testemunhos. E a reconstituir parte substancial desse legado está acabado de lançar o website “Lisboa em Azulejo antes do Terramoto de 1755”.
Materializando uma investigação do Instituto de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, coordenado pelo investigador Pedro Flor, este projeto tem como principal objetivo estudar em profundidade um dos mais ricos e importantes testemunhos visuais da cidade, anterior ao terrível sismo de 1755. É o “Grande panorama de Lisboa”, da autoria do pintor Gabriel del Barco (act. 1669-1701) e à guarda do Museu Nacional do Azulejo, e que surge, através deste projeto de investigação histórica e artística, a recapitular a história de dezenas de edifícios paradigmáticos de Lisboa.
O extraordinário painel azulejar, com cerca de vinte e dois metros de extensão, ilustra a faixa costeira do final do século XVII (1698-1699), junto do Tejo, entre Algés e Xabregas. Nele encontram-se documentados igrejas, conventos, palácios, quintas, fortes, baluartes, pontes, ruas e bairros da cidade. De acordo com a equipa dinamizadora do projeto, o painel decorou outrora as paredes da sala mais imponente do Palácio seiscentista dos Ferreira de Macedo, junto à igreja de Santiago ao Castelo.
Financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, o projeto “Lisboa em Azulejo antes do Terramoto de 1755” arrancou em 2010 e envolveu vários investigadores, especialistas, colaboradores e particulares das mais diversas áreas de formação científica e tecnológica, desde a história da arte até à arquitetura e o urbanismo, sem esquecer a história da cidade de Lisboa nas múltiplas vertentes.
O passo é simples. Basta clicar em http://lisboaemazulejo.fcsh.unl.pt/ para percorrer a história, a arte e o património do tempo do rei D. Pedro II, cuja investigação permite hoje compreender melhor a evolução iconográfica de Lisboa durante o período tardo-medieval e moderno (séculos XVI-XVIII), bem como a história dos principais monumentos da cidade, de acordo com os padrões de representação da mesma ao longo dos séculos e, especificamente, na pintura sobre azulejo.
É um olhar sobre a história e, como todos os olhares sobre a história, oferece-nos uma interpretação sobre o que fomos, o que somos e o que seremos.
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