O Aroma do Tempo, deste filósofo germano-coreano que sigo desde que o descobri em 2022, tem como subtítulo “Um Ensaio Filosófico sobre a Arte da Demora”. Byung-Chul Han tem sido um dos autores mais instigantes sobre o tempo e o que com ele fazemos, a velocidade e a falta de direção e sentido que tantas vezes caracterizam a vida na atualidade.

Neste livro, fala-nos de uma «crise temporal» e da «dispersão temporal». «Falta ao tempo um ritmo ordenador», diz-nos. E reforça: «Não há nada que reja o tempo». Chamando a atenção para o impacto da velocidade: «O sentimento de que a vida se acelera tem, na realidade, origem na perceção de que o tempo anda aos tropeções sem qualquer rumo».

O «verdadeiro problema» detetado pelo autor «consiste no facto de a vida atual ter perdido a possibilidade de se concluir com sentido». E o pior é que «a aceleração por si mesma não proporciona sustentação alguma. Faz apenas com que a falta de Ser se torne até mais penetrante». O filósofo estabelece inequivocamente, pois, uma relação causa-efeito entre a aceleração, a velocidade e a perda de sentido. E a falta de sentido é originadora de um caminhar sem direção. E as coisas que andam a grande velocidade, sem sentido e sem direção, não chegam a formular uma real experiência. «A aceleração não acrescenta qualquer qualidade nova aos movimentos que não seguem uma direção nem têm objetivos claros», reforça Byung-Chul Han.

Somos chamados, na leitura deste livro, a olhar com novos olhos para a lentidão, a perdurabilidade e a contemplação, numa alusão à «lentidão e à constância com que a árvore cresce».

Byung-Chul Han não levanta só problemas. Dá uma solução logo numa das páginas inicias, que é estrutural: «A crise temporal só será superada no momento em que a vita activa, em plena crise, acolha de novo no seu interior a vita contemplativa». Este passo, por sua vez, dotará de sentido a vida.


O Aroma do Tempo, Byung-Chul Han 72

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