Este maravilhoso texto do filósofo alemão Arthur Schopenhauer, publicado em 1864 (já após a sua morte), consiste num conjunto de 37 «estratagemas» através dos quais é feita a apologia do «uso regular da razão e a destreza nessa prática».

A partir da diferença entre «Lógica» e «Dialéctica», o autor discorre sobre «a teoria do procedimento da obstinação, inata no ser humano». Nessa advocacia, Schopenhauer distingue a verdade da vaidade: «Deve-se separar rigorosamente a busca da verdade objetiva da arte de fazer as nossas afirmações valer como verdadeiras».

«Quando se quer chegar a uma conclusão, não se deve deixar que a prevejam; em vez disso, devem introduzir-se todas as premissas isoladas e dispersas na conversa, sem que se dê por isso. Se assim não for, o adversário tentará toda a espécie de ardis». Avança o autor nos seus estratagemas experientes sobre como levar por diante uma ideia que encerra em si e no seu autor a arte de ter (sempre) razão.

Lançar de enfiada uma fila de perguntas ao interlocutor; apresentar-lhe as premissas pretendidas no momento pretendido e com vista a manejar uma conclusão premeditada; impedir que o adversário descredibilize a (nossa) reputação, Schopenhauer é assertivo: «o que aqui importa não é a verdade, mas a vitória».

O que o proeminente alemão, de viva vocação filosófica, faz nesta obra é mostrar de que craveira intelectual podemos afinal ser feitos: «pensar é coisa de que poucos são capazes, mas já opiniões, todos querem ter».

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