Algures neste verão de 2016 passei um fim de semana na nossa extraordinária ilha da Madeira, onde já estive uma mão cheia de vezes e de onde regresso sempre mais encantada. Passeava tranquilamente na Zona Histórica do Funchal quando, de repente, dei comigo a parar sucessivamente o olhar nas portas da Rua Santa Maria, desde há uns anos intervencionadas por diferentes artistas.

Fui tornando extensível o meu olhar na objetiva do telefone, que imediatamente quis captar cada porta que surgia a materializar um dos projetos artísticos urbanos mais interessantes: artE de pORtas abErtas. Nem a posição geográfica privilegiada que o mar ali ao lado enfatiza rivalizava com os trabalhos de autor imprimidos casa sim, casa sim.

Arrancou com o intuito de intervencionar um conjunto decrépito de casas votadas ao abandono, entre espaços comerciais e de habitação. Em cada porta devoluta, foi então possível ver nesse passeio uma obra de arte verdadeiramente transformadora de cada casa, cada lugar daquela rua, num acesso de sensibilidade notável para a arte e a cultura.

E assim o Funchal ganhou outra cor. Outra cor e a profundidade sugerida pela ideia de saber receber o outro com o respeito e a dignidade que o outro merece. Neste caso, pode ser uma questão de reabilitação urbana e de mobilização social dos artistas locais. Mas também é uma questão de generosidade. E, afinal no Natal, que mensagem maior podemos colher e cultivar?


+ Informação Arte de Portas Abertas

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