É do Martinho da Arcada, esse icónico espaço no emblemático Terreiro do Paço, que este título fala. O célebre café lisboeta comemora 235 anos sobre a sua fundação e uma das iniciativas comemorativas consiste num conjunto de tertúlias. À antiga.  

Com organização do escritor Luís Machado, as novas tertúlias com palco no Martinho da Arcada incluem Eunice Muñoz (20 de janeiro), Diogo Freitas do Amaral (3 de fevereiro), Cruzeiro Seixas (17 de fevereiro), Manuel Alegre (3 de março), Elisabete Matos (17 de março) e Marcelo Rebelo de Sousa (4 de abril), a encerrar.  

Embora o ambiente tertuliano tenha vindo a ser substituído por outros hábitos e costumes, a verdade é que ainda há muito quem por vezes sinta saudades desse tempo em que no café se passava tempo, simplesmente, a conversar. No início da década de 1990, o Martinho da Arcada acolheu os ciclos “Conversas à Quinta-Feira”. Deram voz a estas palestras personalidades ímpares, como Mário Soares, Amália Rodrigues, Álvaro Cunhal ou Eusébio. Mais tarde, “As Noites do Martinho” e, ainda, os “Rostos da Portugalidade”, há anos parados.  

Era ali que antigamente se juntavam artistas e intelectuais para debater a política, as artes, a literatura do país e do mundo. Para além de Fernando Pessoa, com presença habitual e mesa certa, eram assíduos, por exemplo, Cesário Verde ou Amadeo de Souza-Cardoso.

O Martinho da Arcada já estava de portas abertas após o terramoto de 1755, numa Praça do Comércio então reerguida, posicionando-se como o café lisboeta mais antigo em atividade. Por essa época, rodeavam a praça vários ministérios, a Bolsa de Lisboa, o estado-maior do exército e da armada. Em 1935, pouquíssimos dias antes de morrer, Pessoa terá bebido por lá o seu habitual cafezinho, na mesa onde sempre se sentava e onde escreveu vários dos seus poemas. E onde ainda hoje está incólume a sua figura.


Fernando Pessoa no Martinho da Arcada

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