Na semana em que decorre a tomada de posse de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República, olhemos para o valor patrimonial, histórico e cultural do Palácio de Belém, edifício que é hoje monumento nacional e, desde a implantação da República em 1910, sede oficial da Presidência da República Portuguesa.   

Construído no século XVI por D. Manuel de Portugal, foi ao longo dos séculos agregando vários outros edifícios e espaços que acresceram à edificação primitiva. No século XVIII, era chamado “das leoneiras”, tendo então aparentemente como emblema o leão, símbolo solar que alia ao poder a sabedoria.

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Da visão de helicóptero, perceciona-se um conjunto arquitetónico e paisagístico liderado por um edifício central constituído por cinco corpos com a proximidade ao Rio Tejo que a zona privilegiadamente proporciona. Há um primeiro palacete, a nascente do Pátio das Damas (o Anexo), ao qual se segue na viragem para a Calçada da Ajuda aquele que noutros tempos seria o Picadeiro Real e hoje é o Museu dos Coches. No sentido poente surgem o Pátio dos Bichos, o pavilhão da Arrábida e o Jardim da Cascata. A sul avista-se o Jardim Grande, delimitado por um gradeamento contíguo a dois pavilhões de pequena dimensão, em tempos conhecidos como as “casas de recreação”.

A entrada oficial, por onde entram no palácio as visitas oficiais e os convidados do Presidente da República, faz-se pela rampa do Pátio dos Bichos, à esquerda da qual sobressai o Museu da Presidência da República. No interior, um dos espaços mais mediáticos é desde logo a Sala das Bicas, que reconhecemos da televisão com o chão de mármore a alternar o preto com o branco, os bustos de jaspe representando imperadores romanos, o lustre de bronze, o teto de madeira preenchido com pinturas e, a justificar o nome da sala, duas bicas. É na Sala das Bicas que os convidados do Presidente da República prestam declarações aos jornalistas e, por isso, há nesta sala uma zona com projetores e colunas de som a premeditar o contacto com a imprensa. À direita da sala das Bicas, está instalada a Sala de Jantar, a qual deu entre 1980 e 1985 lugar à exposição dos presentes oferecidos ao Presidente Ramalho Eanes. À esquerda, avista-se um corredor onde em tempos foi exibida a Galeria dos Retratos dos anteriores Presidentes da República, pintados a óleo sobre tela, atualmente em exposição no Museu da Presidência da República. É para lá que irá o retrato de Aníbal Cavaco Silva, já finalizado com a assinatura do pintor Carlos Barahona Possollo.

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Na Sala Azul ou Sala dos Embaixadores, decorrem as tomadas de posse e os embaixadores estrangeiros entregam ao Presidente da República as suas cartas credenciais. Com a Sala Azul comunica o Gabinete de Trabalho do Presidente da República, que foi em tempos idos quarto de dormir de reis e ilustres hóspedes da Coroa. Em 1886, este espaço foi intervencionado para a acomodação de D. Amélia, numa obra com a participação dos artistas Columbano e Malhoa. Já a sala onde D. Maria II, em 1852, realizava os badalados bailes da corte, é hoje o espaço do Palácio de Belém que dá lugar à reunião do Conselho de Estado.      

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De registar, também no interior, com um sumptuoso teto do século XVIII, a Sala Dourada, atrás da qual surge uma pequena capela que acolheu, por exemplo, o batizado de D. Manuel II, último Rei de Portugal. Nessa capela surgem destacados os oito famigerados quadros de Paula Rego, retratando a história de Maria, da Anunciação à Assunção, com epicentro no nascimento de Cristo. De destacar, ainda, a Sala Império (também chamada Sala Verde) a exibir um quadro portentoso com um medalhão de D. João VI retratado.

No terceiro domingo de cada mês, às 11h, junto à entrada principal do Palácio de Belém, dá-se o Render da Guarda. No dia a dia, sempre que surge hasteada uma bandeira verde com o escudo nacional, ficamos a saber que o Presidente da República, naquele momento, está no interior do Palácio de Belém.  

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